segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Liter/Cine



Em plena selva de asfalto e cimento da cidade industrial, o operário Marcovaldo busca a Natureza. Mas existe, ainda, a boa e velha Natureza? Ou tudo não passa de imitação, artifício e engano? Personagem cômica e melancólica, o sonhador Marcovaldo não tem olhos adequados para semáforos, cartazes ou vitrines, signos da vida urbana e da sociedade de consumo. Mas está atento aos cogumelos que brotam no ponto do bonde, ao mofo nas bancas de jornais, às aves migratórias ou às possibilidades de caçar e pescar dentro da cidade, enfrentando as mudanças de estação e descobrindo as misérias da existência. Marcovaldo, publicado pela primeira vez em 1963, traz as marcas do neo-realismo em que se formou Calvino (ao lê-lo, como não lembrar de uma boa comédia familiar italiana?), ao mesmo tempo em que se abre para o mundo fantástico que caracteriza tantas obras suas já conhecidas do público brasileiro.

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